How is artificial intelligence being used in classrooms?
A questão do professor vs algoritmos em análise do comportamento escolar.
- As máquinas de reconhecimento facial deveriam substituir as análises de comportamento feitas pelos professores em relação aos alunos?
Esta questão, assim posta, reflete apenas o âmbito moral e maniqueísta da utilização positiva ou negativa das maquinas de reconhecimento facial na educação, destacando apenas os possíveis e imponderáveis impactos que esta aparente “substituição” da máquina (software) pelo humano (professor) pode ocasionar.
Contudo, se observarmos mais atentamente a questão refletiremos que esta Inteligência Artificial não está substituindo o professor, mesmo a este fornecendo tanto as informações, quanto as diretrizes da Análise do Comportamento de seus alunos, o professor continuará como o agente mediador do aprendizado centrado no aluno e em seu meio
só que muito mais preparado para planejar as contingências de aprendizado e ensino, bem como de lidar com o déficit de atenção e apreensão –,
assim a tecnologia não substituirá em nada o professor, antes irá auxiliá-lo com mais dados e processamentos, dados estes que o professor não é capaz de captar ou de processar, ainda mais em tempo hábil para retornar em um ensino mais adequado às contingências sociais ou artificiais para o aprendizado.
Deste modo segundo as teorias de Skinner, a Análise do Comportamento tem o papel de gerar o conhecimento que nos capacite a lidar com a conduta e o desempenho de modo mais planejado e eficiente, seja ele psicossocial (externo) pelo meio ou (interno) quanto à dialética cognitiva.
Uma vez que o ensino e o aprendizado devem se interligar com mais frequência por meio de um arranjo planejado de contingências (incumbência esta que as IA vêm fazendo em altíssima escala), do que pelo acaso ao modo tradicional de ensino (à depender de mediações inaptas pelo professor para o mundo hodierno).
Assim posto para o Behaviorismo radical: o homem não existe por si mesmo, uma vez que faz parte de um mundo social e físico; que seu comportamento não surge espontaneamente, ele é subordinado ao ambiente cultural; que o homem não é livre e independente, ele é segundo Schopenhauer:
“livre para fazer o que quer, mas não para querer o que quer”
Posto que o ser humano não contém duas naturezas separadas — uma corpórea e outra mental, isto é, o behaviorismo deixa o dualismo (mente-corpo) para assumir uma visão monista que articula ambos num ser único, comportamental e cooperativo ao mesmo tempo.
Portanto, mesmo em linhas gerais, o ensino e o aprendizado que não recorrer e aproveitar das tecnologias artificiais de auxílio profissional (software educacional, p. ex.) emergentes em nosso tempo e impulsionado pela quarta Revolução Industrial permanecerá ainda aquém de um ideal florescente, moderno e eficaz.
Ou seja, ainda dentro do modelo tradicional de ensino e aprendizagem pautado pelas três maneiras assistemáticas elencadas por Skinner (1968/1972) de “aprender fazendo”, “aprender pela experiência” e “por ensaio e erro” — sem o já mencionado planejamento de contingências — que os estudos da Análise Comportamental e o auxílio das máquinas de aprendizado (software de reconhecimento facial entre outros) podem proporcional ao professor, preparando-o para mediar de modo ainda mais eficiente o aprendizado do aluno.
Assim sem que com isso se caia numa negação da liberdade, pois ao se falar em previsão, análise ou controle do comportamento não necessariamente se tratará do indivíduo como uma máquina de simples complexidade, linear processamento ou de imutável progresso — pelo contrário, acredita-se que tais abordagens (tecnologicamente inovadoras) venham a gerar uma liberdade de reposicionamento e reformulação dos paradigmas conceituais e processuais de ensino e aprendizagem com vistas a alterar o futuro das relações humanas sem mais as ocorrências tautológicas por hora inerentes ao processo educacional.
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Referências:
Antônio A. S. Zuin; Vânia G. Zuin. A autoridade pedagógica diante da tecnologia algorítmica de reconhecimento facial e vigilância. Educ. Soc., Campinas, v. 41, e233820, 2020
SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1972.
JANKE, Juliana C; RODRIGUES, Maria E. O papel do professor na proposta da análise do comportamento. Volume 16 — Número 23– Jan/Jun 2012 — pp. 143–159
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Obg. Att. César Rangel